Catholica. Episódio 70: o Primeiro Concílio de Niceia

18/03/2023

O concílio de Niceia foi aberto em 19 de junho de 325, tendo como presidente Ósio de Cordoba, e a presença do imperador. A despeito da ausência de atas oficiais das reuniões. é possível reconstruir um esboço das atividades. Depois de um discurso de abertura proferido pelo imperador, no qual foi ressaltada a necessidade da união. Eusébio de Nicomédia, líder do partido ariano, apresentou uma formula de fé que marcava abertamente uma saída radical das formulações tradicionais. A desaprovação foi tão forte que a maioria do partido ariano abandonou seu apoio ao documento, que foi rasgado diante de todos os presente. Pouco depois, Eusébio de Cesaréia, preocupado com sua boa reputação, leu uma longa declaração de fé, que era, provavelmente, um credo batismal da igreja em Cesaréia. Eusébio havia sido provisoriamente excomungado, no inicio do ano, por um sínodo em Antioquia, ao se recusar a assinar um credo antiariano, 0 próprio imperador o declarou ortodoxo, sugerindo, apenas, que adotasse a palavra hornoousios. Durante muito tempo, acreditou-se que a confissão de Eusébio formava a base do Credo de Niceia, que foi modificada pelo concílio. Parece claro, no entanto, que não foi isto o que ocorreu, sendo que a estrutura e o conteúdo do Credo eram bastante diferentes daqueles da confissão. É mais provável que um credo tenha sido introduzido sob a orientação de Ósio, debatido (especialmente o termo homoousia) e redigido na sua forma final, exigindo-se as assinaturas dos bispos. Todos aqueles que estavam presentes, (inclusive Eusébio de Nicomédia) o assinaram, excetuando-se dois que, em seguida, foram exilados. Deve-se notar que nesse credo não é aquele recitado nas igrejas hoje, como o nome de "Credo de Niceia". Embora seja semelhante em muitos aspectos, este ultimo é bem mais longo, e faltam-lhe algumas das frases-chaves niceianas. A teologia expressa no credo de Niceia é decisivamente antiariana. A princípio, a unidade de Deus é afirmada. Mas declara-se que o Filho é "verdadeiro Deus de verdadeiro Deus". Embora confesse que o Filho foi gerado, o credo acrescenta as palavras "do Pai" e "não feito". E asseverado positivamente que Ele é parte "da essência (ousia) do Pai" e "consubstancial (homoousia) com o Pai". Uma lista de frases arianas, incluindo "tempo houve quando Ele não existia", e asseverações de que o Filho é uma criatura ou foi feito do nada são expressamente anatematizadas. Assim, sustentou-se em Niceia uma divindade ontológica do Filho e não meramente funcional. A única confissão a respeito do Espírito, no entanto, foi a fé n'Ele, Entre outras coisas realizadas em Niceia, houve um acordo sobre a data para celebra-se a Páscoa e uma decisão sobre o Cisma Meliciano no Egito. Ario e seus seguidores mais resolutos foram banidos, mas somente por pouco tempo. Entre a maioria em Niceia, constava Atanásio, na época um o jovem diácono, que em pouco tempo sucederia a Alexandre como bispo, e que levaria a efeito um desafio minoritário contra um arianismo ressurgente no Oriente. A ortodoxia de Niceia, no entanto, acabou sendo reafirmada, de modo decisivo, no Concílio de Constantinopla, em 318. Fonte: https://cleofas.com.br/concilios-concilio-de-niceia/