Episódio 107: São Máximo Confessor

20/04/2024

São Máximo, o Confessor, é uma figura de grande importância na história do Cristianismo, especialmente conhecido por sua resistência fervorosa contra a heresia monotelista durante o século VII. Nascido por volta de 580 em Constantinopla, Máximo foi inicialmente um funcionário imperial antes de se tornar monge e, mais tarde, um defensor teológico de destaque.

A controvérsia monotelista, central na vida de Máximo, emergiu em um contexto de tentativas políticas e religiosas de reconciliar os cristãos calcedonianos e não-calcedonianos após o Concílio de Calcedônia em 451. Essa disputa teológica focava na natureza de Cristo, particularmente em quantas vontades Ele possuía. Os monotelitas defendiam que, embora Cristo tivesse duas naturezas distintas (divina e humana), Ele possuía uma única vontade divina. Esse ensinamento foi visto como uma forma de compromisso entre aqueles que aceitavam e os que rejeitavam o Concílio de Calcedônia.

Máximo, por outro lado, sustentava uma posição diteletista, argumentando vigorosamente que Cristo possuía duas vontades — uma divina e outra humana — que correspondiam às suas duas naturezas. Para ele, afirmar que Cristo tinha apenas uma vontade comprometia tanto a plenitude da Sua humanidade quanto a da Sua divindade. Máximo defendia que a única vontade diminuía a capacidade de redenção de Cristo, pois a humanidade completa era essencial para que Cristo redimisse totalmente os seres humanos.

A luta de São Máximo contra o monotelismo levou-o a enfrentar perseguições significativas. Ele foi preso, julgado e exilado várias vezes. Durante um de seus julgamentos, ele teve a língua cortada e a mão direita amputada, punições destinadas a impedi-lo de pregar ou escrever contra o monotelismo. São Máximo morreu em exílio em 662, mas sua resistência teológica foi vindicada pelo Terceiro Concílio de Constantinopla em 681, que condenou o monotelismo, afirmando a doutrina das duas vontades de Cristo como ortodoxa.

A vida e os ensinamentos de São Máximo, o Confessor, continuam a ser um testemunho do compromisso com a integridade doutrinária e da coragem em face da adversidade. Ele é venerado não apenas por sua erudição teológica, mas também pelo seu exemplo de firmeza na fé e de sofrimento por suas convicções.